A fama mexe com tudo, é claro. É um fenômeno estranho que somente os famosos conseguem realmente entender. Porém, pergunte a se mesmo: se você tivesse passado a vida inteira sob uma constante e inflexível observação, acrescida da tortura de um pai fisicamente violento, como seria? E se você tivesse passado a vida inteira sob um público fervoroso que o adorava principalmente por ser uma criança talentosa? Você acha que, com o tempo, poderia ter se auto-infantilizado? Cheio de frustrações de desespero, será que você se voltaria e começaria a fazer qualquer coisa que lhe viesse a cabeça, sem ponderar sobre a lógica das suas decisões, a sensatez de suas opções, ou a propriedade de seus atos?
E se você tivesse também uma quantia absurda de dinheiro, que lhe permitisse remediar suas mais profundas inseguranças, sem se importar com quanto fossem radicais, e sem ninguém por perto que ousasse questionar suas atitudes? Não está gostando da cor da sua pele? Que fique mais clara. Nunca teve uma infância de verdade? Crie uma Neverland. Quer repartir a cama com meninos? Tudo bem. Não gosta de sua aparência? Mude o rosto. Continua não gostando? Mude de novo, e mais quantas vezes quiser.
"Por que ele não consegue enxergar o que está acontecendo consigo mesmo?" É o que perguntamos sobre Michael. Por que ele não entende? Afinal, como é que ele se vê? Como o rei do Pop, um gênio musical pioneiro e mal-compreendido, cuja carreira atravessa uma vida inteira? Ou como um adulto inseguro e essencialmente infeliz, com dinheiro e poder suficiente para fazer o que quiser e sair impune? Talvez apenas uma coisa esteja certa: se você fosse livre combinação de ambos, seria bem grande sua chance de ser como...Michael Jackson.
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